sábado, 15 de agosto de 2009

Belém-Belém, tá tudo bem...

"Desperta o gigante brasileiro,
Desperta e proclama ao mundo inteiro,
Num brado de orgulho e confiança,
Nasceu linda Brasília, a capital da esperança."

Não sei o porquê de acordar com o refrão dessa marchinha martelando minha cabeça nesta manhã ensolarada de feriado em Belém do Pará. Feriado estranho esse 15 de Agosto, para quem não é daqui...Afinal, é o dia que marca a ´adesão´ do Estado paraense à independência do Brasil, proclamada por D.Pedro I onze meses antes. Bem, vai ver é porque, às vésperas de se tornar cinquentona, a bela capital federal confirma a sina de que a esperança é a última que morre, mas também morre. Afinal, quem poderia imaginar, à época da inauguração -com solene hino cantado a plenos pulmões com banda de música, desfiles etc e tal-, que os elegantes prédios construídos para abrigar os poderes da República, viriam a se transformar no lodaçal putrefato que se esparrama sem nenhum sinal de que poderá ser contido. Senão vejamos: os congressistas, eleitos para representar o povo e/ou seus Estados de origem, fazem da coisa pública, privada. E, quando pegos em flagrante delito, não se dão por achados e alegam que é prática comum usar como privada a coisa pública...Brasília, bela capital? "Ma che bella roba!", diria dona Francisca, vizinha italiana de minha infância em Sampaulo. Que também não é mais a ´Paulicéia Desvairada´ de Mário de Andrade. E onde também não se pode mais dizer que "a alegria é a prova dos nove", do modernista Oswald, instalado num confeitaria da Barão de Itapetininga, onde desemboca o Viaduto do Chá...Tudo isso me vem à mente depois de ler artigo do Xico Sá em que qualifica a capital paulista como "a cidade proibida". Segundo ele, quem não sabe ou não pode se divertir, proíbe, prende, arrebenta. É assim que o paulistano nato ou por opção está se sentindo naquela que, para mim, já foi a mais cosmopolita das cidades brasileiras e onde não pretendo mais morar...Sabe lá o que é conhecer uma "Belém-Belém, tá tudo bem. Belém-Belém, tá tudo bem, tudo bem, tudo bem", como diz a letra da bela música do Nilson Chaves. Pois me é preferível ficar onde é "tudo índio, tudo parente", outra canção que evoca as belezas dessa malemolência nativa, por onde a vida escorre lenta nas correntezas desses rios-mar, com ondas de água doce invadindo tudo, enquanto "a Lua foi bater no mar, e eu fui que fui ficando"...

2 comentários:

Jaqueline Corrêa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaqueline Corrêa disse...

Prof. Plaza, Belém tem disso... Quando menos se espera "o homem branco" é arrebatado pelo ímpeto de uma cidade audaciosa que tenta ser moderna, ao mesmo tempo em que enfrenta graves problemas em todas as áreas e em todos os sentidos. O acolhimento dos "nativos" e o aconchego da herdeira da belle époque é o que mais encanta os que chegam por aqui.
Seja bem vindo à mais mrena de todas as cidades!!!