segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Inépcia premiada...festa na rua

Muitas vezes, quando um país sai de uma grande aflição, escapando de um governo tirano, vê-se nas ruas uma justa comemoração. Afinal, depois de anos e anos de sufôco, de falta de liberdade, sair às ruas pra olhar nas caras das pessoas, para expandir o sentimento da reconquista do Estado de Direito, é um reconfortante estado de espírito que tem o condão da multiplicação da alegria, uma necessidade básica da liberdade tanto tempo contida, abafada, proibida. Num passado recente, temos o exemplo de Portugal, com a Revolução dos Cravos(anos '70, do século passado), que acabou com mais de 50 anos de ditadura salazarista. Igualmente entre os espanhóis, que saíram da longa ditadura franquista. E o exemplo amplamente divulgado, da queda do muro de Berlim, no final dos anos '80... entre outros ícones de manifestações públicas que expressam uma explosão de alegria coletiva que tem razão de ser.
Mas quando temos um prefeito candidato à reeleição, que utiliza dinheiro público para massificar sua presença nas ruas, através de colaboradores a soldo diário, com faixas e bandeiras. E ainda mais quando se sabe que a prefeitura está devendo à população coisas prometidas e nunca realizadas. Uma vitória em segundo turno onde nenhuma nova proposta foi apresentada, sendo as mesmas de sempre, agora requentadas, pela palavra de um candidato-prefeito que foge de todas as perguntas diretas e objetivas a ele formuladas. E que, acima de tudo, tenta cercear o trabalho da imprensa, propondo processos judiciais (indeferido pelo juiz, por contrariar a Liberdade de Imprensa, garantida pela Constituição Federal) contra emissora de televisão que mostra as mazelas enfrentadas pela população em todos os níveis...Ele quer proibir que se apontem os problemas alegando que isso atrapalha a campanha dele, e só a dele. Ora, se ele é o prefeito, mostrando-se os problemas, ele teria a oportunidade de indicar a solução. Mas como?, se em 4 anos não fez, deve-se acreditar agora? Pois é: encerrada a eleição, abertas as urnas, surge a realidade de um novo mandato ao pequeno títere que quer barrar a imprensa que não está no bolso dele. E as pessoas fecham ruas para uma festa adrede preparada. Mas, o simples fato de fechá-las dá o tom da comemoração mesquinha dos apaniguados. A massa não tem nada pra comemorar. Melhor faria manifestando-se em assembléia, onde seria cobrado documento público de responsabilidade do alcaide. Pois ele não passa de um chefe de executivo, pago pelo povo, para realizar o que a cidade pede. Em razão disso, comemorar o que? A constatação de que a ineficácia, a inépcia, deva ser premiada? Ou simplesmente festeja-se a adequada aplicação do cabresto que garante mais quatro anos de farra remunerada?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A liberdade nossa de cada dia

“Liberdade, liberdade,
abre as asas sobre nós”
Hino à República

É amplamente conhecida a máxima que diz: quando acontece uma guerra, a primeira vítima é a liberdade. Isso porque a divulgação de notícias pela imprensa passa a ser controlada diretamente pelo comando de guerra. No recente conflito conhecido como Guerra do Golfo, cunhou-se um novo termo ( 'embeded' ) para denominar os jornalistas que viajaram no navio militar e ficaram limitados a divulgar somente o que era liberado pelo comando da guerra. Isto é, nada que contrariasse o ponto de vista oficial dos militares norte-americanos. Na guerra do Vietnã, os jornalistas basicamente ficaram em Saigon, dominado pelos militares norte-americanos. Alguns se aventuraram aos campos de batalha, como o jornalista brasileiro José Hamilton Ribeiro. Em busca de uma foto para a capa da revista Realidade (da época, 1968), pisou numa mina e perdeu uma perna. Para Hanói, capital vietcong, apenas o escritor e jornalista brasileiro, Antônio Callado, se deslocou, de onde divulgava seus pontos de vista absolutamente originais, em relação aos que ficaram limitados ao que permitia o comando dos EUA. Em outros momentos, como a Guerra da Bósnia, para se livrar do incômodo de jornalistas tentando divulgar notícias independentes, os chefes da guerra determinaram o bombardeio do prédio que abrigava os jornalistas. Nesses momentos, surgiu uma nova emissora árabe de televisão ( 'Al Jazzeera' ), que furou esse bloqueio, passando a ser uma alternativa para a obtenção e divulgação de notícias, da guerra e dos próprios jornalistas. Por essas e outras, compreende-se que a máxima da cabeça do texto é uma realidade. Mas não apenas na guerra. Também num golpe, como o ocorrido no Brasil em 1964. A ditatura militar não permitia a divulgação de nada que mostrasse a realidade do que estava acontecendo em território nacional, com as prisões de quem contestasse o regime –ainda que apenas intelectualmente–, mortes, tortura e desaparecimento de pessoas, até hoje não esclarecidas. Por conta disso, jornais foram fechados, jornalistas perseguidos, e reportagens eram cortadas pela censura. Em contraponto, alguns jornais começaram a deixar de preencher os espaços vazios pela exclusão de matérias, e as páginas com espaços em branco denunciavam a intervenção proibitória. Para evitar isso, que evidenciava para o leitor a situação de fato existente, foi proibido que o jornal fosse para as bancas com espaços em branco. Nesse momento, entra a criatividade. E dois jornais paulistanos inovaram, publicando, nos espaços que ficariam brancos, receitas culinárias (Jornal da Tarde); e sonetos poéticos (O Estado de S.Paulo). Foi a forma encontrada para avisar aos leitores de que ali deveria se publicada nota que a ditadura militar queria esconder.
Era uma forma ousada de aviso de que a liberdade estava cerceada.
Não por acaso a Imprensa é chamada de 'o 4º poder'. Quer dizer, a República se constitui com o Executivo, o Legislativo, o Judiciário, e a Imprensa. Que passa a ser a 'voz do povo' . Num primeiro momento, ela é os olhos e os ouvidos, que adentram os locais negados ao povo, e a estes transmite o que é necessário transmitir. Para tanto, é preciso que tenha independência. E, sobretudo, liberdade. A liberdade ansiada, desejada por todos. A liberdade é aspiração natural do ser humano. A tal ponto é considerada, que nem sequer pode receber punição específica um condenado que engendre fuga de local onde esteja confinado, encarcerado.
Por ser a aspiração à liberdade inerente à condição de plenitude do ser, a Liberdade de Imprensa é essencialmente fundamental para o exercício pleno da cidadania, vez que torna-se a referência maior das relações humanas em sociedade. Por essa razão, a Constituição Federal garante, em artigo específico, que é vedada toda e qualquer forma de censura de natureza política, ideológica e artística. E garante que é livre a manifestação do pensamento, assim como a expressão da atividade intelectual. Nessa Liberdade de Imprensa prevista na Carta Magna, está implícita a responsabilidade social. Assim como é assegurado a todos o acesso à informação, e resguardado o sigilo da fonte, quando for necessário ao exercício profissional, também é assegurado o direito de resposta a quem se sentir atingido moralmente por informações que possam ser contestadas. Assim, a Liberdade de Imprensa pode ser considerada a guardiã da República. O mote do Hino à República, em destaque na abertura deste texto é um exemplo de que a Liberdade de Imprensa é um dos pilares de garantia da vida republicana.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O voto e o direito obrigatório

Votar ou não Votar, eis a questão.
Além da indiferença à política, há outros fatores que podem fazer um cidadão, uma pessoa comum, a não querer comparecer a uma seção eleitoral para depositar o seu voto. Depositar é modo de dizer, pois agora o que se faz é apertar algumas teclas numa 'urna' eletrônica, que já estão apelidando de 'caixa preta' (quem diz isso é ninguém menos que Mary Cohen, da comissão de Direitos Humanos da OAB/PA). Um dos motivos, é a mesmice que representam os dois candidatos que se enfrentam em segundo turno. Sempre se espera que um 'melhorzinho' sobreviva, passe para o segundo turno. Mas, não. Em geral, sobram o ruim e o peór. Pior quando é o péssimo e o muito péssimo.
Mas há implicações: quem deixa de votar não pode participar de concurso público...Mas, processado criminalmente, o cidadão pode se candidatar e, sendo eleito, livrar-se do processo.
Afinal, se o voto é um direito do cidadão, como pode haver punição pela não utilização desse direito? A punição elimina o direito...
A quem serve a obrigatoriedade? Muito claramente ao chamado 'voto de cabresto'. Afinal, se já é defícil, complicado mesmo!, às vezes sair de casa, ir à seção eleitoral, mesmo que seja perto, enfrentar fila, falta de estrutura, urna quebrada, sistema que não funciona, listas fora de lugar, mudança de local de votação, falta de acesso a deficientes...imagine então ter que 'viajar' pra votar. Percorrer longas distâncias, enfrentar chuva, rios, áreas desérticas. Aí, entra a figura do 'coronel' (que não existe só no sertão, não), o grande benfeitor, que se encarrega de transportar (carregar mesmo) o eleitor, providenciando também 'otras cositas', para garantir que o cidadão vote, com certeza, no candidato do coronel, quando não, no próprio coronel...
Bem, o voto obrigatório tem também o dom de gerar o famigerado eleitor-fantasma. Por estranho que possa parecer, há cidades em que a lista de votantes é maior que a lista de habitantes. Há as mudanças de endereço encomendadas, como mostram denúncias de eleitores transferindo o título para cidades distantes, em troca de dinheiro e outros favores...
Enfim, a presença maciça de eleitores nos dias das eleições, no Brasil, não é sinônimo de conscientização política. É reflexo de subdesenvolvimento constitucional. Seria muito mais elegante participar de uma escolha da qual participam pessoas conscientes, preocupadas, realmente, com os destinos de um país. Logo, isso fica claro: não há o menor interesse dos poderosos de que o voto seja facultativo. Pois nesse caso, o grande contingente de eleitores facilmente manobráveis ficaria de fora, vez que estaria desobrigada de comparecer a uma seção eleitoral. E aí, o comparecimento seria maciço entre os eleitores que têm, de fato, posicionamento claro e declaradamente têm opção política. Somente candidatos de partidos surgidos da base, mesmo, não teriam receio desse tipo de voto, pois seus eleitores são convictos. Como por aqui os partidos surgem de negociatas entre os grandes, e mudam de nome para 'vender' melhor imagem, como a embalagem de sabonetes, então vamos manter a consciência utópica de que o voto facultativo é, ainda, uma miragem.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Humanisno em tempos de violência

VIOLÊNCIA SALVADORA.
PARADOXAL?
SIM.
MAS É O QUE ACONTECE NA NOSSA REALIDADE,
SEMPRE SURPREENDENTE.
SENÃO VEJAMOS:
UMA GAROTA DE 15 ANOS, ADOLESCENTE
NA 'FLOR DA IDADE' É BRUTALMENTE
ASSASSINADA POR UM MALUCO
QUE NÃO CONSEGUE CONTROLAR
SEUS BRUTOS SENTIMENTOS...
O CASO É TRISTE.
UMA FAMÍLIA CHORA. UMA CIDADE CHORA
O PAÍS CHORA...
A TRISTEZA TOMA CONTA DOS CORAÇÕES.
MAS HÁ UM CORAÇÃO DE MÃE ATENTO.
A MÃE DA MENINA ASSASSINADA
TEM UM GESTO DE BONDADE,
DE COMPREENSÃO,
E DE EXTREMA HUMANIDADE.
DOA OS ÓRGÃOS DA GAROTA,
QUE VÃO SALVAR VIDAS DE MUITA GENTE.
...
AQUI EM BELÉM, UMA FAMÍLIA TAMBÉM CHORA.
MAS É UM CHORO DE ALEGRIA,
PELA GRAÇA LONGAMENTE ESPERADA,
E AGORA ALCANÇADA...
MARIA AUGUSTA DOS SANTOS
SOFRIA HÁ 39 ANOS.
NASCEU COM UM PROBLEMA CARDÍACO INCURÁVEL.
A SALVAÇÃO POSSÍVEL, SÓ COM TRANSPLANTE.
MARIA AUGUSTA DEIXOU BELÉM,
A CIDADE NOVA, ONDE MORA SUA FAMÍLIA.
E FOI PRA SÃO PAULO, HÁ DOIS ANOS.

ONTEM, AO COMPLETAR 39 ANOS,
MARIA AUGUSTA DOS SANTOS GANHOU
DE PRESENTE UM CORAÇÃO NOVO.
NOVO MESMO, DE APENAS 15 ANOS DE VIDA.
O CORAÇÃO QUE ALIMENTOU OS SONHOS
DA GAROTA BRUTALMENTE ASSASSINADA,
AGORA BATE DE ALEGRIA NO PEITO
DE MARIA AUGUSTA.

E UMA FAMÍLIA SORRI E CHORA
DE PURA ALEGRIA,
NA CIDADE NOVA DE BELÉM...
...
Há 40 anos, estupefatos, vimos o cirurgião Christian Barnard dar uma entrevista na África do Sul, logo depois de realizar a primeira cirurgia de troca de coração. O paciente sobreviveu não mais que uma semana. E, estupefatos, perguntávamos pra que tudo isso (o transplante), se o resultado é tão fugaz...Sorridente, o elegante doutor Barnard explicou que, num futuro próximo, tudo seria diferente. A ousadia daquele dia, disse o médico, teria reflexos algum tempo depois...
'Ousar lutar, ousar vencer' era o mote de um grupo de jovens inconformados com os caminhos que o país tomava naqueles conturbados e fascinantes dias de 1.968. Os fatos estão aí. Alguns deles contam a história, ainda que incompletamente. Outros estão por ser contados, desde que se encontrem as pessoas certas, que estejam dispostas a abrir o coração para se livrar de mazelas cometidas ou apenas testemunadas...Corações abertos numa ousadia reveladora. Ousar oferecer o coração de alguém que morre, para continuar vivo, bombeando o sangue vital a quem estava condenado. Um mistério. De ousadias e vitórias. O transplante vitorioso ainda ansia pela mágica transformação de idéias em corações generosos...Como diria o poeta, esse ano ainda não terminou.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Alôôôôôuuuuu!!!

A facilidade das comunicações também traz um complicador. Agora ficou fácil, todo mundo compreende que é só apertar um botão e conecta-se com o mundo. Toodo o mundo tem um celular. E, a partir daí, acabou-se a privacidade. Encontra-se qualquer um em qualquer lugar que esteja. Acabou-se a limitação física do espaço para conversa. E mesmo que não se queira, que se diga claramente, que se explicite pública e reservadamente. Nada, nada mesmo adianta. E quando se imagina que a deselegância é própria de quem não freqüentou escola, constata-se que não é nada disso. Ao contrário até. A deselegância é prima-irmã de escolarizados, pois os que passaram anos e anos nos bancos escolares acabam se considerando superiores. Clara demonstração de deselegância superior.

Crazy People

Aí pelos anos '80 do século passado surgiu um filme significativo, com uma base numa clínica de desajustados mentais, demonstrando que um estúpido cidadão (no sentido de ter uma deficiência mental considerada leve, uma debilidade) pode ter a ensinar mais coisas do que seu estado físico faz supor. Quando entra em cena, nada mais diz além de Helo! Somente isto: Helo, Helo, Helo. Quando melhorou, o personagem se preparava para uma viagem de reencontro da família e mostrou o que levava na bagagem. Abriu a mala, e tudo que havia eram pedaços de papel em várias cores, todos com a inscrição: Helo. Ele queria dizer olá pra todo mundo. E levava sua preciosidade muito bem embalada, correspondendo ao que debilidade exigia: ser gentil com todo mundo.
O contraponto dessa gentileza é a grosseria que se observa dos que ligam a todo instante para perturbar. São pessoas que nada mais fazem, além de inflar o próprio ego demonstrando a enorme capacidade de azucrinar a vida dos outros. Ligam, ligam e ligam. Nada dizem. Ouvem alguns segundos e desligam. Acredito que, à moda do débil do filme, colecionem os alôs que as pessoas lhes dizem. Alô, alô, alô, alôôôôôuuuu...Que vidazinha besta!

Desconstrução em debate

Em épocas de eleições tende-se a pensar que o mundo tem solução. Aliás, pensa-se que está em construção. Tudo está por fazer. Isso é o que se depreende dos programas de governo apresentados pelos candidatos. São tantas as coisas que eles dizem que farão...Não há alternativa, imagina-se 'morar' nos planos deles, pois correspondem aos sonhos de todos, moradores ou não das cidades, estados, países, por eles desenhados. É uma beleza! Porém...(e sempre tem um porém, diria o poeta)... amanhece. Acorda-se dos sonhos. Clareia a mente e vislumbra-se um rascunho caricato do que se viu na noite anterior. E aí, não tem jeito. Não há figura humana que resista à determinação da mente que 'vê' claramente uma situação manhosamente preparada. A montagem feita pela equipe de marketing político não resiste à desestrutura emocional da imagem real que o candidato tem de si mesmo. A desconstrução é inevitável e fora de controle. Quando isso acontece num debate, tem-se a certeza da eficácia desse tipo de produto do marketing político, criado pelos americanos do norte nos idos dos anos '60 do século passado. Naquele inaugural debate na tevê americana, JK arrasou RN sem confrontar nenhuma proposta. O adversário foi batido pela presença cênica, pelo domínio do veículo, que provocou imediata empatia com o eleitor-telespectador. Dado o 'start' pelos irmãos nortistas, as colônias mundo afora se apressaram a copiar o modelito, hoje comum em qualquer campanha. A tal ponto que há ferrenha disputa entre emissoras para garantir datas para o primeiro ou para o último encontro que os candidatos terão, frente a frenta, cara a cara, arrostando-se publicamente, exibindo as vísceras, fazendo jorrar o sangue que alimenta a sanha da massa ignara...No primeiro debate, com muitos candidatos, dilui-se a intenção declarada de uns e de outros. A dissimulação fala mais alto. Mas com tantos predadores juntos, não há salvação possível para todos. Sempre alguém leva a pior. Em geral, sobra para aquele candidato que está lá porque alguém mandou. Quer dizer, foi indicado, ficou encantado, fisgado...engoliu a isca. Acontece sempre com candidato inflado pela mídia. Que estufa o peito, 'se achando' e é engolido pela própria onda. Foi assim com a candidata 'boa de vídeo' e péssima de rua...A descontrução da 'barbie' deu-se na tela da tevê, que ela tão bem domina. Quando afrontada revelou conteúdo zero! Nada mais a fazer. Segundo turno, debate no domingo, 8 da noite, povão atento. Agora só dois. Olho no olho. Olho por olho. Mesmo de óculos, tem candidato que não se enxerga. E, à falta de conteúdo, a fatal desconstrução midiática. Aquilo que os americanos do norte tanto prezam: a tal estética de vídeo, que, não havendo, elimina o fator empatia com o eleitor-telespectador...

Algo de novo? Nada. É só o vento lá fora (também já disse o poeta).

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A Teacher's Day

I
'AO MESTRE COM CARINHO'
É O TÍTULO DE UM FILME QUE FEZ MUITO SUCESSO,
NO FINAL DOS ANOS '60, DO SÉCULO PASSADO.
ELE RETRATA AS AGRURAS DE UM PROFESSOR QUE DÁ A VOLTA POR CIMA,
RECUPERANDO ALUNOS ADOLESCENTES, QUE SE REBELAM SEM MOTIVO APARENTE.
ALGO COMO ACONTECE AINDA
NOS DIAS DE HOJE.
OS ADOLESCENTES CONTINUAM
REBELDES SEM CAUSA.
E OS PROFESSORES PERDEM
A PACIÊNCIA COM ELES.
AFINAL, A VIDA CONTINUA. E COMO TAL,
SEMPRE VAI PRECISAR DE PROFESSORES.
O QUE SERIA DA ORGANIZAÇÃO
SOCIAL HUMANA SE NÃO HOUVESSE
QUEM ENSINASSE O NECESSÁRIO
ÀS NOVAS GERAÇÕES??
ADOLESCENTES SEMPRE VÃO SURGIR.
E PROFESSORES SERÃO SEMPRE NECESSÁRIOS.

PODE SER QUE DOM PEDRO PRIMEIRO
TIVESSE PENSADO NISSO QUANDO
NAQUELE 15 DE OUTUBRO DE 1.827,
CRIOU O “DIA DO PROFESSOR” NO BRASIL.
MAS TAMBÉM PODE SER QUE, HÁ 181 ANOS,
DOM PEDRO TENHA PENSADO QUE
O PROFESSOR MERECE RESPEITO.
E QUE UM DECRETO IMPERIAL
SERIA CAPAZ DE PERPETUAR ESSE
MERECIMENTO.
MAS QUAL:
COM A PROCLAMAÇÃO
DA REPÚBLICA, SAIU DE CENA O QUE HAVIA
SIDO PRODUZIDO PELO IMPÉRIO.
TALVEZ POSSA ESTAR AÍ A EXPLICAÇÃO
PARA TAMANHO DESCASO COM
QUE OS PROFESSORES SÃO TRATADOS
NO BRASIL...A REPÚBLICA É UMA
COISA BOA. MAS HÁ COISAS PRODUZIDAS
PELO IMPÉRIO QUE TAMBÉM MERECEM RESPEITO.
O DIA DO PROFESSOR É UMA DELAS.
FELIZ DIA DO PROFESSOR
A TODOS QUE SE DEDICAM AO ENSINO...
II
Esse poderia ser um mote para a Presidência da República despertar desse estranho devaneio que é a disseminação da idéia de fazer apologia à falta de estudo. Pois é: se alguém semi-alfabetizado pode ser o presidente, pra que é que se vai preocupar com estudos? No começo, não atentei a essa particularidade de caráter do 'homem que veio do ABC', a quem se poderia dizer que faltaram as demais letras do alfabeto...

sábado, 11 de outubro de 2008

O jogo de bola

Futebol é Paixão.
Não se explica.
Pode chover, pode alagar, pode faltar ônibus,
eu tenho que ver o meu time...
O Estádio Olímpico do Pará faz jus ao nome:
é um mangue, um mangueirão...só água, por todo lado.
Em campo, duas equipes sofrem pela posse da bola,
que insiste em...empoçar...
A chuva cai implacável
os times lutam em desespero.
Emoção. É isso que leva a galera para o estádio.
Emoção. Esse é o sentimento que levanta a galera.
A chuva cai mais forte, um vento frio corta o estádio.
Mas o jogo é complicado, a bola não corre, caminha...
(sonhei um a zero)
A bola trisca a trave e a galera se agita, se agiganta...
Uma escapada, a bola chega ao atacante,
Marco Maciel recebe, toca pelo alto...GOOOOOOL
A galera vai ao delírio...Maciel, em sua primeira
partida contra o ex-time faz um a zero no Papão...
A chuva diminui, a galera se exalta.
Um helicóptero da PM sobrevoa o estádio,
Lenilson se adianta, a bola chega até ele que,
dribla um, dribla dois e chuta para o fundo das redes:
GOOOOOOOL
a galera vai ao delírio:
'ah! Eu tô malucô! Ah! Eu tô malucô!'
Dois a Zero.
O Leão 'tava caído mas não tá morto.
Mais dois sobrevôos do helicóptero da PM,
bola pra lá, bola pra cá,
bola pela lateral, bandeira dá Remo,
juiz (lateral é nosso!) dá Paysandu.
Jogador do Remo cai na área,
juiz 'tava longe, corre lá e mostra o Amarelo,
e ganha sonoro uuuuuuuuuuuu da galera.
A chuva diminui, o Leão escapa de um gol,

TERMINA O 1ºTEMPO
A chuva volta a cair mais forte,

COMEÇA O 2º TEMPO.

O helicóptero da PM voa mais baixo
por trás da arquibancada,
uma bola enfiada assusta a defesa do Remo,
mas o goleiro pega firme. A galera vibra:
'segura goleirão
é a defesa do Leão'
Outra galera responde:
'bi-color, bi-color, bi-color'
No placar, sai os 2 x 0
e entra público: 39 mil 189 pagantes,
bate-rebate, bola fora, bandeira dá pru Leão,
jogador chuta + longe, leva Amarelo...
(olhando daqui da cabine,
contra a luz dos refletores,
a chuva é um belo cenário)
úúúúúúúúúúúúú
é a galera do Paysandu
uivando por uma bola que passa raspando o travessão do Leão,
bate-rebate, cai um jogador,
os maqueiros correm daqui pra lá e de lá pra cá,
um tem capa e capuz, outro nem capa,
e a chuva cai + forte agora.
Num avanço do Leão, a bola escapa, vai pru Papão,
rebote na área, e GOOOOOOOL
Zé Augusto faz 1 pru Papão,
a arquibancada balança,
estamos debaixo da arquibancada bicolor
úúúúúúúúúúúúúúú
agora é a torcida azulina...
quase o Leão amplia.
Bola vai, bola vem, bola empoça...
o gramado está impraticável.
Ataque bicolor, jogador livro,
defesa tira-lhe o pão da boca: escanteio,
bola na área, bate-rebate, goleirão tira com os pés...
a galera azulina se alivia ôôôôôôôôô...
ataque bicolor. Falta batida, repique na área, fora...
Adriano dá uma bronca na zaga.
A chuva diminui. Não pára. O vento é frio.
Dentro de campo o clima é quente.
O Juiz 'acha' mais uma falta pru Papão, bola pra fora,

FIM DE JOGO

Uma enorme bandeira se abre na torcida azulina,
a galera vibra e não perdoa:
ú-ú-ú Paysandu vai tomar (no ..) caju.
Policiais entram em campo e os jogadores do
Remo não saem...A galera delira.
Adriano desabafa: 'os humilhados serão exaltados'.
Acabou a invencibilidade de Papão
créu, créu, créu,
é a galera azulina (gozando a bicolor)
saindo do Mangueirão.
Nos portões, churrasquinho, cerveja e cavalaria...
gente, gente, gente...
a saída do estádio é uma lástima.
Que o povo gosta de futebol
não resta nenhuma dúvida.
Que os times rendem +
quando se trata de clássico,
também é coisa certa...
E que o torcedor é maltratado,
ah!, isso é.
Mas é movido pela Paixão,
pela Emoção,
pelo gosto do jogo de bola
e vai saltando os igarapés que se formam
no entorno do estádio até a rua,
onde vai enfrentar filas,
lama, ônibus lotado...
mas o que interessa é que o time venceu,
acabou o domingo
e tem mais jogo quarta-feira...