segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Desconstrução em debate

Em épocas de eleições tende-se a pensar que o mundo tem solução. Aliás, pensa-se que está em construção. Tudo está por fazer. Isso é o que se depreende dos programas de governo apresentados pelos candidatos. São tantas as coisas que eles dizem que farão...Não há alternativa, imagina-se 'morar' nos planos deles, pois correspondem aos sonhos de todos, moradores ou não das cidades, estados, países, por eles desenhados. É uma beleza! Porém...(e sempre tem um porém, diria o poeta)... amanhece. Acorda-se dos sonhos. Clareia a mente e vislumbra-se um rascunho caricato do que se viu na noite anterior. E aí, não tem jeito. Não há figura humana que resista à determinação da mente que 'vê' claramente uma situação manhosamente preparada. A montagem feita pela equipe de marketing político não resiste à desestrutura emocional da imagem real que o candidato tem de si mesmo. A desconstrução é inevitável e fora de controle. Quando isso acontece num debate, tem-se a certeza da eficácia desse tipo de produto do marketing político, criado pelos americanos do norte nos idos dos anos '60 do século passado. Naquele inaugural debate na tevê americana, JK arrasou RN sem confrontar nenhuma proposta. O adversário foi batido pela presença cênica, pelo domínio do veículo, que provocou imediata empatia com o eleitor-telespectador. Dado o 'start' pelos irmãos nortistas, as colônias mundo afora se apressaram a copiar o modelito, hoje comum em qualquer campanha. A tal ponto que há ferrenha disputa entre emissoras para garantir datas para o primeiro ou para o último encontro que os candidatos terão, frente a frenta, cara a cara, arrostando-se publicamente, exibindo as vísceras, fazendo jorrar o sangue que alimenta a sanha da massa ignara...No primeiro debate, com muitos candidatos, dilui-se a intenção declarada de uns e de outros. A dissimulação fala mais alto. Mas com tantos predadores juntos, não há salvação possível para todos. Sempre alguém leva a pior. Em geral, sobra para aquele candidato que está lá porque alguém mandou. Quer dizer, foi indicado, ficou encantado, fisgado...engoliu a isca. Acontece sempre com candidato inflado pela mídia. Que estufa o peito, 'se achando' e é engolido pela própria onda. Foi assim com a candidata 'boa de vídeo' e péssima de rua...A descontrução da 'barbie' deu-se na tela da tevê, que ela tão bem domina. Quando afrontada revelou conteúdo zero! Nada mais a fazer. Segundo turno, debate no domingo, 8 da noite, povão atento. Agora só dois. Olho no olho. Olho por olho. Mesmo de óculos, tem candidato que não se enxerga. E, à falta de conteúdo, a fatal desconstrução midiática. Aquilo que os americanos do norte tanto prezam: a tal estética de vídeo, que, não havendo, elimina o fator empatia com o eleitor-telespectador...

Algo de novo? Nada. É só o vento lá fora (também já disse o poeta).

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