Muitas vezes, quando um país sai de uma grande aflição, escapando de um governo tirano, vê-se nas ruas uma justa comemoração. Afinal, depois de anos e anos de sufôco, de falta de liberdade, sair às ruas pra olhar nas caras das pessoas, para expandir o sentimento da reconquista do Estado de Direito, é um reconfortante estado de espírito que tem o condão da multiplicação da alegria, uma necessidade básica da liberdade tanto tempo contida, abafada, proibida. Num passado recente, temos o exemplo de Portugal, com a Revolução dos Cravos(anos '70, do século passado), que acabou com mais de 50 anos de ditadura salazarista. Igualmente entre os espanhóis, que saíram da longa ditadura franquista. E o exemplo amplamente divulgado, da queda do muro de Berlim, no final dos anos '80... entre outros ícones de manifestações públicas que expressam uma explosão de alegria coletiva que tem razão de ser.
Mas quando temos um prefeito candidato à reeleição, que utiliza dinheiro público para massificar sua presença nas ruas, através de colaboradores a soldo diário, com faixas e bandeiras. E ainda mais quando se sabe que a prefeitura está devendo à população coisas prometidas e nunca realizadas. Uma vitória em segundo turno onde nenhuma nova proposta foi apresentada, sendo as mesmas de sempre, agora requentadas, pela palavra de um candidato-prefeito que foge de todas as perguntas diretas e objetivas a ele formuladas. E que, acima de tudo, tenta cercear o trabalho da imprensa, propondo processos judiciais (indeferido pelo juiz, por contrariar a Liberdade de Imprensa, garantida pela Constituição Federal) contra emissora de televisão que mostra as mazelas enfrentadas pela população em todos os níveis...Ele quer proibir que se apontem os problemas alegando que isso atrapalha a campanha dele, e só a dele. Ora, se ele é o prefeito, mostrando-se os problemas, ele teria a oportunidade de indicar a solução. Mas como?, se em 4 anos não fez, deve-se acreditar agora? Pois é: encerrada a eleição, abertas as urnas, surge a realidade de um novo mandato ao pequeno títere que quer barrar a imprensa que não está no bolso dele. E as pessoas fecham ruas para uma festa adrede preparada. Mas, o simples fato de fechá-las dá o tom da comemoração mesquinha dos apaniguados. A massa não tem nada pra comemorar. Melhor faria manifestando-se em assembléia, onde seria cobrado documento público de responsabilidade do alcaide. Pois ele não passa de um chefe de executivo, pago pelo povo, para realizar o que a cidade pede. Em razão disso, comemorar o que? A constatação de que a ineficácia, a inépcia, deva ser premiada? Ou simplesmente festeja-se a adequada aplicação do cabresto que garante mais quatro anos de farra remunerada?
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