sábado, 3 de outubro de 2009

Berlim 1936 e 2009 - o alemãozão e o alemãozinho

A prova dos cem metros rasos tem um valor especial, é considerada a rainha que coroa uma competição de atletismo. Numa Olimpíada, é das mais esperadas. Foi assim em 1936 numa Berlim tomada pelo nazismo, que tinha por meta coroar um atleta de nacionalidade alemã, raça que se pretendia estabelecer como superior pelo empertigado chefe do governo e do exército. Plano frustrado. O alemãozão, chefão do nazismo, que se preparava para ir à pista cumprimentar seu atleta sai do estádio às pressas para não ter que cumprimentar um negro norte-americano que cravou exatos dez segundos e vinte centésimos para receber a medalha de ouro. Jesse Owens, o negro que fez história, deixou mudo o estádio de Berlim, mas sorriu satisfeito...
Novamente, nesse mesmo estádio, campeonato mundial de atletismo de 2009, outro negro, sorridente, jamaicano, estabelece nova marca para a clássica prova dos cem metros rasos: nove segundos e 58 centésimos. Usain Bolt abre o largo sorriso e um estilo pessoal de comemoração, com as duas mãos em diagonal e o dedo indicador apontando para o céu. Na arquibancada do estádio de Berlim, aplausos. E um alemãozinho, carapintada com as cores da bandeira da Jamaica, agitando uma bandeirinha com o nome de Bolt. Novos tempos. Seria o novo homem, como previra Nietzsche?