Votar ou não Votar, eis a questão.
Além da indiferença à política, há outros fatores que podem fazer um cidadão, uma pessoa comum, a não querer comparecer a uma seção eleitoral para depositar o seu voto. Depositar é modo de dizer, pois agora o que se faz é apertar algumas teclas numa 'urna' eletrônica, que já estão apelidando de 'caixa preta' (quem diz isso é ninguém menos que Mary Cohen, da comissão de Direitos Humanos da OAB/PA). Um dos motivos, é a mesmice que representam os dois candidatos que se enfrentam em segundo turno. Sempre se espera que um 'melhorzinho' sobreviva, passe para o segundo turno. Mas, não. Em geral, sobram o ruim e o peór. Pior quando é o péssimo e o muito péssimo.
Mas há implicações: quem deixa de votar não pode participar de concurso público...Mas, processado criminalmente, o cidadão pode se candidatar e, sendo eleito, livrar-se do processo.
Afinal, se o voto é um direito do cidadão, como pode haver punição pela não utilização desse direito? A punição elimina o direito...
A quem serve a obrigatoriedade? Muito claramente ao chamado 'voto de cabresto'. Afinal, se já é defícil, complicado mesmo!, às vezes sair de casa, ir à seção eleitoral, mesmo que seja perto, enfrentar fila, falta de estrutura, urna quebrada, sistema que não funciona, listas fora de lugar, mudança de local de votação, falta de acesso a deficientes...imagine então ter que 'viajar' pra votar. Percorrer longas distâncias, enfrentar chuva, rios, áreas desérticas. Aí, entra a figura do 'coronel' (que não existe só no sertão, não), o grande benfeitor, que se encarrega de transportar (carregar mesmo) o eleitor, providenciando também 'otras cositas', para garantir que o cidadão vote, com certeza, no candidato do coronel, quando não, no próprio coronel...
Bem, o voto obrigatório tem também o dom de gerar o famigerado eleitor-fantasma. Por estranho que possa parecer, há cidades em que a lista de votantes é maior que a lista de habitantes. Há as mudanças de endereço encomendadas, como mostram denúncias de eleitores transferindo o título para cidades distantes, em troca de dinheiro e outros favores...
Enfim, a presença maciça de eleitores nos dias das eleições, no Brasil, não é sinônimo de conscientização política. É reflexo de subdesenvolvimento constitucional. Seria muito mais elegante participar de uma escolha da qual participam pessoas conscientes, preocupadas, realmente, com os destinos de um país. Logo, isso fica claro: não há o menor interesse dos poderosos de que o voto seja facultativo. Pois nesse caso, o grande contingente de eleitores facilmente manobráveis ficaria de fora, vez que estaria desobrigada de comparecer a uma seção eleitoral. E aí, o comparecimento seria maciço entre os eleitores que têm, de fato, posicionamento claro e declaradamente têm opção política. Somente candidatos de partidos surgidos da base, mesmo, não teriam receio desse tipo de voto, pois seus eleitores são convictos. Como por aqui os partidos surgem de negociatas entre os grandes, e mudam de nome para 'vender' melhor imagem, como a embalagem de sabonetes, então vamos manter a consciência utópica de que o voto facultativo é, ainda, uma miragem.
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