segunda-feira, 23 de junho de 2008

Providência? Providencie ajuda...

Um nome pode definir tudo. Providência, a partir de agora, define o medo. Isso mesmo, ou alguém pensa que é possível pensar em outra coisa depois de ter visto, ouvido, ou tomado conhecimento do massacre promovido por onze militares (do Exército) contra três jovens, do morro da Providência, Rio de Janeiro...Os três voltavam de um baile funk quando foram abordados pelos soldados que estão cuidando (ao arrepio do que diz a Constituição) da segurança local...Segurança? Foi o que os jovens, certamente, pensaram: estamos seguros, pois o Estado é responsável pela integridade de pessoas que estão sob seu domínio. Ledo engano. Dizendo-se desacatados (quem pode contestar?) os soldadinhos resolveram brincar com os rapazes e os entregaram à sanha de marginais do morro vizinho. Isso eles dizem. Sim, porque a mãe de um dos jovens chegou a ver o filho num xadrez do Exército, todo ensangüentado e praticamente inerte, depois de um 'corretivo'. Bem, fosse pelo que fosse, quem poderia imaginar que os integrantes do 'glorioso Exército de Caxias' trabalhassem em conluio com marginais? Em que mundo pensamos estar? Soldadinhos são os donos do pedaço. É assim que alguns deles 'se acham'. E assim agem. A mãe nunca mais viu o filho vivo. Os rapazes foram encontrados num lixão, alguns dias depois, com dezenas de perfurações a bala. Como foram parar lá? Desde quando coletores de lixo recolhem cadáveres nas ruas e jogam no lixão? Quando se ouviu dizer que um caminhão do Exército, circula impunemente em área de marginais e de tráfico de drogas, sem que os soldadinhos sofram um arranhão sequer? Só se eles fizerem parte do esquema...Pois foi isso que eles alegaram para tirar o corpo fora do hediondo crime. Quer dizer, pra fugir da terrível pecha de assassinos dos jovens, preferiram dizer que 'entregaram' os rapazes aos marginais para que lhes desses 'um susto'. Mas que desfaçatez. O jornalista Jânio de Freitas vai mais além em sua coluna, lembrando que os soldadinhos arranjaram testemunhas que confirmam a historinha que eles contaram. E destacou um detalhe: os depoimentos são idênticos, e falam até que os rapazes estavam bem apresentáveis...Mas como?, pergunta o colunista, que alguém pode estar apresentável depois de ter sido massacrado num xadrez de quartel?? E agora perguntamos nós: que desacato praticaram os rapazes contra os soldadinhos para merecer tal sorte? Qual é a punição para quem pratica tamanho desacato contra a população indefesa? Devemos clamar à Providência???
Motivo fútil ou inexplicado...Também foi o provocador de outra tragédia: uma garota matou outra com duas facadas, dentro da sala de aula de uma escola no conjunto Providência, periferia de Belém do Pará...Aos 16 anos, a garota teria 'desacatado' a de 18, falando mal do cabelo dela...De 'desacato' em desacato, a Providência vai definindo o perfil do medo que assola os viventes desses tristes trópicos...