segunda-feira, 24 de maio de 2010

Carona de trem combate a Depressão

Durante a Depressão Americana –como ficou conhecida a crise financeira provocada pelo ´crack´ da bolsa de Nova York, nos anos ´30 do século passado– homens lutavam por qualquer coisa que pudesse lhes garantir que ainda tinham honra ou que pudessem demonstrar ser o melhor em algo, ainda que isso nada significasse para mudar a triste rotina de suas miseráveis vidas, nem que tivesse o condão de transformar a situação triste em que viviam. Em 1973, o diretor de cinema Robert Aldrich utilizou esses elementos como argumento e produziu um clássico: Emperor of the North Pole (O Imperador do Norte, no título brasileiro). No filme, Lee Marvin, autointitulado “O Imperador do Pólo Norte”, conhecido entre seus errantes colegas maltrapilhos como “nº 1”, vangloria-se de pegar carona em qualquer composição e viajar sem pagar para qualquer parte do país. De outro lado, Ernest Borgnine é Shack, temido condutor que ameaça até com a morte quem se atrever a pegar carona em trem sob seu comando. O nº 1 anuncia que que irá tentar a façanha. Está lançado o desafio. E os miseráveis apostam seus tostões; no vagabundo ou no chefe do trem. Depois de memoráveis cenas de muita tensão, ação e superação, Marvin alcança seu objetivo e crava com giz o “Nº 1” na locomotiva, para que todos vejam que ele é homem de cumprir o que promete...
Maio de 2010, em meio à crise que arrasta vários países europeus, e cujos reflexos são ainda sentidos no Brasil, dois garotos de periferia, de dez e doze anos, pegam carona num trem na distante cidade paulista de Santa Fé do Sul, e viajam a esmo. Um deles salta em São José do Rio Preto, mais de 220 km depois, e o outro fica em Santa Adélia, quase 300 quilômetros do ponto de partida.
Dois dias fora de casa foram suficientes para deixar apavorados pais, mães, irmãos e amigos. Mas, no reencontro, o rosto de um quanto o do outro mostravam um ar de felicidade indescritível para quem não imagina o prazer que pode sentir um garoto deserdado de tudo, demonstrar ser capaz de realizar uma façanha.
É..., carona de trem pode ser um antídoto contra grandes ou pequenas depressões.

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